sexta-feira, maio 27, 2005

O perCurso do bom político

Todo o político profissional ambiciona notoriedade e face time na sociedade. Contudo, não é qualquer Zacarias Pirulito que vemos habitualmente na primeira fila da bancada do seu partido na assembleia ou que as televisões convidam para “debitar” sobre o Estado da Nação. É preciso, antes de mais, ter boas cordas vocais (não é qualquer tenor que consegue os agudos roucos que os políticos desencantam...). Depois, há que saber articular com elas algumas palavras de modo minimamente coerente. Mas, acima de tudo, os profissionais do ramo são doutorados naquela fantástica ciência que é o “falar sem dizer nada”. No intuito de ajudar os aspirantes a cargos políticos leitores deste blog, procederei de seguida à enunciação dos passos fundamentais desta técnica. (Digam lá que eu não sou amigo!...) São eles:
- Expressar uma opinião sobre um assunto;
- Defender o ponto de vista contrário, nunca desvalorizando a posição anterior;
- Dar a volta à questão e dissertar sobre outra coisa qualquer;
- Terminar o discurso de modo determinado, incluíndo sempre uma frase vaga e enigmática.
Nota: Os verdadeiros mestres poderão omitir alguns destes passos, ficando-se pela crítica à pergunta que lhes foi feita, apontando-lhe os erros, sem sequer abordar aquilo que lhes foi pedido, tal é o desvio temático que impôem à conversação. Manter o controle é fundamental...
Mas voltemos à teoria que me trouxe aqui: a definição do perCurso a trilhar por qualquer aprendiz da nobre arte – não, não é o boxe – da política.
Antes de mais, é essencial a alguém que pretenda dedicar-se a este mister, se assim lhe podemos chamar, ter “aquelas basesinhas”, no que respeita ao domínio do português. Ora, partindo do princípio que todo o político deste nosso cantinho europeu é um indivíduo que chega ao lugar que ocupa depois de 15 a 20 anos sem faltar a uma manifestação ou revolta popular e, como tal, não teve muito tempo para dedicar aos estudos, temos que terão que aprender este requisito depois de “lançados”...
Aqui entra o Bloco de Esquerda.
Como? Porquê? Muito simples. O Bloco de Esquerda é porventura o último pilar da Cultura, o altar supremo da mais fina intelectualidade lusa. Em que outro partido poderíamos nós, simples mortais votantes, encontrar um vocabulário tão extenso e rebuscado? É que não é só o Sr. Louçã. Quem vê o telejornal saberá que a representante do Bloco nos Açores tem um discurso em tudo semelhante ao do ilustre tribuno. Se a entrevista que lhe fizeram tivesse passado na rádio e não referissem o nome da senhora, muitos teriam pensado que se tratava do camarada líder desses rebeldes anarcas.
Mas enfim, que eles sabem falar, sabem. Noutra perspectiva, poder-se-ia referir o PP como outra boa escola, pensando naturalmente no virtuosismo do Paulinho. Aquilo é que é falar... No entanto, aí, os ensinamentos parece que são mais complexos, quiçá, dúbios... Cenas de tanga ou empurrões a despropósito não se recomendam a aprendizes desprevenidos...
Daí que não haja melhor escola política que o Bloco de Esquerda.
A partir daí, uma vez capaz de impressionar meia dúzia de gatos pingados em qualquer feira, mercado ou simples ajuntamento quando em campanha para a junta de freguesia, poderá o político júnior filiar-se num partido com créditos firmados, ou seja, votos nas eleições.
Passa uns anos na assembleia, subindo na hierarquia à custa do conhecido “voto de eu” – “quem vota a favor, levante-se...” – e da técnica da “facada nas costas do superior”. Uma vez “rato de cano” encartado, em caso de aperto pode sempre fugir para Bruxelas, dar umas tacadas e conhecer as meninas de luxo que os outros deputados veteranos lhe sugerem.
Finalmente, regressa e reforma-se aos 45 – ou então tira uns anos sabáticos para viajar com ordenado candidatando-se a cargo mais elevado. Em qualquer dos casos, quando precisar uns trocos extra, vai acabar por escrever uma autobiografia em dois volumes nos tempos livres do seu hobby (palavra que nunca vai conseguir dizer, tal é a habituação com o lobby) como comentador político (e de qualquer outra temática, vendo bem) num canal televisivo de alto gabarito.
Uma vida aliciante, não é?

terça-feira, maio 24, 2005

1º Jantar Oficial dos Letões Bloquistas

Teve lugar no Sr Quim , a melhor Casa de Pasto nacional (sim porque restaurantes há muitos, mas casas de pasto...contam-se pelos dedos das mãos e um ou dois dos pés), o primeiro jantar oficial com os novos Letões Bloquistas.
Esta alegre refeição, com um divinal vinho branco caseiro à mistura e uma bela de uma ginjinha com 20 anos acompanhada de um puro Cohiba, teve como momento alto da noite a conversão de dois jovens ao movimento de opinião e decadência mental que é o nosso blog.
Estão assim apresentados o sr Fragata e o sr Monte Cristo.
Ao Sr Quim o nosso muito obrigado pelo brilhante manjar e fica a promessa dos jantares dos Letões Bloquistas continuarem a ser na sua imensa casa, assim como um post futuro à medida dos seus calamares.