segunda-feira, julho 25, 2005

Abrigos à prova de 'Crise'

Começada a silly season e numa altura em que as pessoas se medem pelo bronzeado, convirá lembrar que o país está em crise. Ah, a malfadada Crise!
Efectivamente, a Crise anda na boca do povo e até o mais néscio dos indivíduos utiliza o termo para justificar os azares da vida. Porém, indivíduos atentos à realidade social que somos nós aqui no Letão, reparámos que ainda existem aqueles que podemos apelidar de "abrigos à prova de crise". É verdade a terrível e subversiva Crise ainda não se apoderou de tudo.
Em defesa dos interesses dos Portugueses menos atentos, enumero de seguida essas 'mecas' onde, pelos vistos, a Crise não chega ( o critério de selecção baseia-se num índice muitíssimo complexo cuja propriedade intelectual é exclusiva deste nosso-vosso Letão Bloquista e foi calculado com base no número de indivíduos das classes média e baixa que frequenta estes locais, por comparação com o mesmo número de representantes das ditas gentes abastadas):
1 - os restaurantes. Não obstante os efeitos devastadores que se diz ter a Crise na carteira dos Portugueses, acontece que este tipo de estabelecimentos estão permanentemente cheios. "Ah e tal, porque não havia que comer em casa..."
Confirma-se, chegada a hora de comer bem, o português vai comer fora e a crise fica à porta.
2 - os cafés. À semelhança do que se passa nos restaurantes, é impressionante o número de pessoas que vai ao café e não se limita, como seria de esperar (porque a Crise anda aí), ao principal bem que se vende nestes locais - o café. De facto, são inúmeros os portugueses que, uma vez entrados num café, regalam a bilha com sumos, galões, torradas e bolos, pastilhas e gelados. "Também não podemos deixar que a Crise nos prive de TODOS os pequenos prazeres da vida..." é o que se advoga por estas bandas. Com isto só digo: ai do dono de café, pasteleiro e demais fornecedores destes estabelecimentos que profiras as palavras "a Crise é uma m*rda para o negócio". Sou inclusivé de opinião de que os cafés deviam ser obrigados a colocar, ao lado daquele que impede a entrada de animais de estimação, um autocolante com letras gordas: "A Crise não entra aqui."
3 - as praias. Já não é só ao fim-de-semana que as rádios vão alertando os automobilistas para trânsito congestionado nos acessos às praias. Durante a hora e meia que eu próprio passei num dia de semana a caminho da Costa da Caparica, fiz as contas para quanto se gasta para comprar umas horas de sol e cheguei a uma conclusão que seria eventualmente perturbadora para os portugueses que não podem dispensar mais este pequeno luxo em tempo de crise: 10€ de gasolina, 1,2€ de portagem, 0.5€ para o arrumador (na Costa, eles ajudam mesmo a estacionar), 3,5€ para a revista de distracção, 2€ para a CocaCola no bar da praia depois de ir a banhos. Se fizerem as contas, confirma-se: uma vez na praia, a Crise não bate a esta porta.
Como estes, outros locais haverão por descobrir onde a Crise não se faz sentir...
Com isto o IVA aumenta (diz que é a Crise), os cães ladram e a caravana passa...

1 comentário:

Anónimo disse...

TRAGAM A RÁDIO VOXX DE VOLTA

VOXX a rádio do polvo

VOXX, grão a grão apanha a galinha uma indigestão