segunda-feira, julho 11, 2005

Euromilhões: O sonho que comanda a vida e não só

No fim-de-semana que passou tive o prazer de ir até Kobenhavn, os mais cultos rapidamente encontraram no palavrão acima referido o nome da capital dinamarquesa…outros menos letrados em nada mais pensaram que num bar de alterne lá para os lados da Arruda-dos-Vinhos. Mas pensam vocês o que terá Copenhaga de tão importante para além da famosa sereia, das loiras -de reparar que este adjectivo se refere a uma qualidade da cerveja e não ao à Dulcineide e ao truque que esta efectua no varão – e dos seus edifícios pitorescos? Pois bem caros Letões, foi senão na volta desta cidade para a pobre e morena Lisboa que ocorreu um dos factos mais marcantes da minha história recente, recebi em mãos um exemplar do Correio da Manhã edição domingueira (que para quem não sabe passou agora a custar 1,20€ como consequência da subida dos custos de produção).
Neste aclamado jornal vinha uma notícia que passo agora a transcrever:

Dois homens entraram em discussão e depois envolveram-se à pancada quando anteontem pretendiam registar o boletim do Euromilhões num quiosque de Marzovelos (aqui o corrector do Word sugere a substituição pela palavra marmelos), em Viseu. O caso verificou-se cinco minutos antes das 19 horas, altura em que fecham as máquinas de jogo.
Segundo o Correio da Manhã apurou, um homem de etnia cigana estava a registar dez boletins com apostas de dois euros cada. Como faltava pouco tempo para as 19 horas e havia muita gente na fila, um outro indivíduo, identificado como J. Vilar, revoltou-se com a situação e disse ao primeiro “para deixar as outras pessoas registar os seus boletins”. O homem não gostou dos modos como foi interpelado e começou a ameaçar J. Vilar.
Como a máquina registadora estava lenta e havia muita gente na fila, J. Vilar já não teve hipótese de se habilitar a ganhar os 60 milhões de euros, o valor do prémio. Ficou revoltado mas acabou por se resignar.
Quando parecia que estava tudo resolvido, chegaram ao local mais dois indivíduos de etnia cigana e gerou-se a confusão. Os três indivíduos agrediram violentamente o outro homem e ameaçaram-no de morte com um revolver.
"Estava a ver que iam matar o homem, mas acabaram «apenas» por lhe dar vários murros e pontapés" conta um popular que assistiu à cena de pancadaria.
A proprietária do quiosque afirma que a confusão se passou no exterior do seu estabelecimento, salientando que o indivíduo de etnia cigana estava a ser atendido na sua vez. "O problema é que as pessoas deixam tudo para a última da hora e depois acontecem coisas destas. Ainda por cima a máquina estava muito lenta", disse.

Após este pedaço de cultura jornalística é muita a vontade de entre outras coisas rir, inclusivamente uma lágrima ou outra, mas convém respirar fundo e analisar em profundidade o problema gerado por todo um sonho de ser milionário e laurear a pevide durante o resto da vida. Para começar pegaria na frase final da proprietária que de uma forma, que diria perspicaz, aponta as culpas para a lentidão das máquinas. É que se andassem à pancada e a máquina registasse os boletins em pouco tempo, pronto um pouco de sangue até fica bem nas paredes, agora está a dar os Morangos, há todo um alguidar de feijão verde para descascar e a senhora tem de estar ali a olhar para um aparelho a alimentar os sonhos dos outros muito lentamente, isso não.
Recuando um pouco mais no texto encontramos o testemunho visual do confronto, e aqui se reflecte a matéria da qual o português é constituído, pois se era para haver pancada era da grossa, agora murros e pontapés dá ele na mulher em casa!Como término a esta análise deixo aqui um conselho, da próxima vez que virem um homem de etnia cigana registar dez boletins de dois euros cada para arrecadar um prémio de 60 milhões não lhe digam para deixar os outros registar, digam antes “ tem a certeza que jogou nos números certos senhor cigano? Ficaria muito agradecido de o ver podre de rico!” e vão ver que saem do estabelecimento com os dentes todos, e parecendo que não uma camisola manchada do líquido que nos dá a vida custa imenso a tirar, mesmo com Skip!

Sem comentários: