terça-feira, abril 18, 2006

Declaração de Sinistro

A carta de seguida transcrita consiste em nada mais nada menos que uma declaração de sinistro, a apresentar à direcção de uma empresa. Por se tratar de uma situação real resolvi censurar as partes reveladoras, quanto mais não seja para evitar que um qualquer processo judicial me rebente a cremalheira (logo a mim, que já tenho uma cornadura valente em cima de um cabeção apreciável... quem sabe percebe, quem não está a par ri-se porque tem piada.. é assim que se quer...). No entanto, devo dizer que o facto de ter nomes, locais e matrículas omitidos não retira nem um pedacinho de auge ao monumental poder orgásmico nas próximas linhas contido. Precisamente por isso, gostaria antes de mais nada, de fazer uma pequena advertência: Asmáticos – tenham a bomba perto de vós; grávidas – chamem a parteira; bêbados – puxem o saco de plástico; gordos – cancelem a encomenda do abtronic (o que se segue trabalha bem os abdominais); velhos – não há nada a fazer. Leiam isto e ao menos dão o badagaio felizes.


Assunto: Problema ocorrido em ???, com a viatura ???.

Informo que no pretérito dia 16, aquando do meu regresso de ???, por volta das 20H15, quando circulava com a viatura ???, à entrada da ???, sentido ???, perto da rotunda ???, notei o carro a falhar e no espaço de aproximadamente 100 metros, estacionei a viatura na berma do lado direito, deixando-a travada com o travão de mão e engatada na 1ª velocidade.
Até ao momento nada de anormal tinha verificado no painel de instrumentos, nem detectado a presença de cheiros a queimado (vinha com os vidros fechados, o ar condicionado ligado no mínimo, levemente em ar fresco e com o leitor de CD em funcionamento.).
Ao sair da viatura, observei por debaixo dela um grande clarão, pelo que de imediato me deitei no chão para observar melhor a situação: O tubo de escape, em toda a sua extensão estava em brasa, e as borrachas de suporte estavam em chamas, bem como as suas imediações. (Cheirava bastante a queimado). Imediatamente evacuei os meus haveres mais importantes e pedindo socorro, chamei os Bombeiros Voluntários de ???, que prontamente e em conjunto com dois populares mais determinados, extinguiram o incêndio na viatura, gastando sete extintores de 6 Kg de Pó Quimico Seco. Entretanto antes da chegada dos Bombeiros, a viatura vítima da acção do fogo, ficou desactivada do travão de mão, desengatou-se e em descontrole de marcha atrás, caprichosamente passando passando por várias viaturas que dramáticamente tentavam escapar à colisão, foi estatelar-se numa valeta profunda de 1,5 metros, motivando vários estragos na carroçaria e rotura do depósito de gasolina, ateando fogo nas ervas secas do chão, de imediato extinto pelos Bombeiros.
Tomaram conta da ocorrência a GNR de ???, a Assistência em Viagem da Companhia de Seguros ??? (via telemóvel), que retirou a viatura e a levou para a oficina ???, e a ???, via telemóvel.
No final dei conta com várias pequenas queimaduras na minha mão direita, penso que sem gravidade, fruto das minhas tentativas desesperadas de extinguir o incêndio.
Má sorte ...esta.
Com os melhores cumprimentos,



Naturalmente, a probabilidade de um automóvel ser vítima de um fenómeno de combustão espontânea é ínfima.
Já a probabilidade de o indivíduo em questão vir com uma cardina tal que ao sentar-se no bólide e dado à chave se tenha esquecido de “desactivar” o travão de mão e ter percorrido uns vinte quilómetros nestas circunstâncias até que, à entrada da auto-estrada, tenha constatado que o automóvel não passava dos 60 km/h, nem com o barulho do motor a sobrepor-se ao do “leitor de CD em funcionamento”.... essa será necessáriamente mais elevada.... vão por mim.

E no meio disto tudo, os cães ladram e a caravana passa....

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